ABISEMI estima crescimento de 5% também para 2021
06.12.2020
O setor de semicondutores brasileiro deverá encerrar 2020 com aumento do faturamento, em Reais, da ordem de 4 a 5% na comparação com o ano passado, quando faturou cerca de R$ 3 bilhões. Para 2021, a expectativa é que o percentual de crescimento se repita, sobretudo se a taxa de câmbio média se mantiver estável nos patamares de R$ 5,20 a R$ 5,30, em relação à moeda americana.
A estimativa foi apresentada pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (ABISEMI), Rogério Nunes, durante o encontro anual realizado pela entidade em 02 de dezembro, que teve como temática as perspectivas para a indústria de semicondutores brasileira. Realizado excepcionalmente sob a forma de webinar, o evento deste ano reuniu associados, membros dos Poderes Executivo e Legislativo e representantes de centros de pesquisa, de universidades e de outras entidades setoriais.
Nunes ressaltou que o crescimento no faturamento em 2020 foi influenciado positivamente pela taxa de câmbio, já que os preços das memórias, principal bem produzido pela indústria de semicondutores no Brasil, vem caindo sistematicamente no mundo todo. Também contribuiu para esse resultado favorável o aumento da densidade desses componentes demandada pelo mercado, em especial para a fabricação de smartphones.
A ABISEMI avalia que o setor teve rápida recuperação dos efeitos provocados pela covid-19 e que já superou a pior fase da pandemia, vivida especialmente nos meses de abril e maio, quando houve uma forte e generalizada queda da economia do país, com o fechamento da grande maioria do comércio e redução da produção nas indústrias.
O desempenho dos mercados de computadores e de smartphones também foi fundamental para a rápida recuperação do setor. Segundo levantamento do IT Data, o setor de computadores deve fechar 2020 com crescimento de 1,6% em comparação com 2019, atingindo 6,6 milhões de unidades produzidas. Já o mercado de smartphones, apesar da queda projetada de 6,9% na comparação com o mesmo período, deve fechar 2020 com 41,8 milhões de unidades, número igualmente expressivo, considerando o contexto atual.
“O setor de semicondutores superou a pandemia pois manteve fortes investimentos durante 2020, em especial em novas tecnologias, produtos avançados e diversificação de portfólio”, destacou Nunes. “Além disso, mantivemos os empregos e os postos de trabalho enquanto muitos setores promoveram demissões.”
PADIS
O presidente da ABISEMI mencionou, ainda, que dentre as pautas da ABISEMI para 2021 está a prorrogação do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (PADIS), cujos benefícios às empresas brasileiras expirarão, em sua maior parte, em janeiro de 2022. “Essa lei é vital não somente para a manutenção do setor, mas também para o seu desenvolvimento”, frisou Nunes.
O secretário de Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação do Ministério da Economia, Gustavo Ene, informou que o decreto de regulamentação do PADIS no âmbito da Nova Lei de TICs (nº 13.969/19) deverá ser publicado até o final deste ano. Sem isso, as empresas estão impedidas de usufruir dos incentivos decorrentes dos investimentos realizados anualmente em Pesquisa e Desenvolvimento.
Agenda de inovação digital
Além do secretário Gustavo Ene, também participaram como painelistas do evento o Coordenador-Geral de Tecnologias Digitais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Henrique de Oliveira Miguel, e o Gerente de Telecom, TI e Economia Criativa do BNDES, Carlos Azen. Eles destacaram, entre outros assuntos, a inserção da indústria de semicondutores na agenda de digitalização e inovação digital do país, envolvendo temas como Internet das Coisas, Inteligência Artificial, computação em nuvem, conectividade e tecnologia 5G, entre outras tecnologias disruptivas.
O evento contou, ainda, com participação do deputado federal Vitor Lippi, que reforçou a melhoria do ambiente regulatório, a importância da publicação da Nova Lei de TICs e a disposição do parlamento brasileiro em contribuir com a indústria nacional. Também participou do webinar o senador Izalci Lucas, que preside a Frente Parlamentar Mista de Ciência, Tecnologia, Pesquisa e Inovação do Congresso Nacional. Em sua fala, o senador ressaltou a importância do setor de semicondutores para a capacitação de recursos humanos, para a disseminação de conhecimento, para a melhoria da educação e para a manutenção dos níveis de investimentos em Pesquisa & Desenvolvimento no país.
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