Nova política para o setor permitirá a expansão dos segmentos de memórias e encapsulamento de chips e o ingresso do país em novos nichos de mercado.

12.12.2023

O faturamento da indústria brasileira de semicondutores, especialmente no segmento de encapsulamento de memórias, deverá crescer cerca de 30% em 2024, segundo estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (ABISEMI). Essa projeção acompanhará o desempenho ascendente do setor no mundo após um ano de queda no mercado global.

De acordo o presidente da entidade, Rogério Nunes, a expectativa de crescimento mundial é de 45% somente na área de memórias e de 13% no mercado de semicondutores como um todo. Assim, no próximo ano o faturamento deverá ser da ordem de US$ 130 bilhões e de US$ 588 bilhões nestes segmentos, respectivamente.

Ele lembrou que em 2023 o mercado mundial de semicondutores teve queda de 9,4% no seu faturamento, totalizando US$ 520 bilhões em vendas, e que o segmento mais afetado foi o de memórias, com redução de 31% - ficando em US$ 89 bilhões em valores comercializados.

No Brasil, estima-se que o faturamento de semicondutores registre uma queda de 41% em 2023. Colaboraram para o desempenho negativo a redução no mercado de smartphones e computadores, da ordem de 14% em volumes, além do aumento do mercado ilegal que somente em smartphones, chegou a 17% em 2023. Em 2022, o faturamento da indústria local foi da ordem de US$ 1 bilhão.

Os dados foram apresentados pela ABISEMI durante o Jantar Anual da Indústria de Semicondutores que foi realizado pela entidade no dia 06 de dezembro, em Brasília. Do evento participaram associados, representantes do Governo Federal e instituições governamentais, do Congresso Nacional, do setor produtivo nacional, da academia e de instituições de ensino e pesquisa do país, dentre outros.

Nunes também destacou na ocasião a importância da publicação da Medida Provisória que implementará o novo Programa Brasileiro de Semicondutores, o novo Padis, prevista para o início do próximo ano. A iniciativa é considerada fundamental para o que o Brasil ingresse em novos nichos de mercado, além de expandir os segmentos já consolidados de memórias e encasulamento de chips. O Brasil atua também no segmento de projeto de circuitos integrados.

A nova política para o setor de semicondutores foi objeto de inúmeras tratativas da ABISEMI ao longo de 2023 com interlocutores do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), juntamente com representantes da Abinee, Sindipeças, SBMicro, e membros do Congresso Nacional, além de várias outras instituições que suportam a implementação desta medida.

Além disso, a retomada operacional do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), co-fundadora da ABISEMI, foi outra ação ressaltada pelo presidente da ABISEMI durante o evento. Decreto publicado pelo presidente Lula em 06 de novembro reverteu o processo de dissolução da empresa.

“Este ato é um novo marco na construção da política nacional para semicondutores e é clara indicação do interesse do Governo neste setor”, salientou Nunes. Ele apontou ainda o ingresso da ABISEMI no Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) para a inserção do tema semicondutores na política industrial do Brasil.

Presente no Jantar Anual da Indústria de Semicondutores, o secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, Uallace Moreira Lima, afirmou que uma das primeiras ações do Ministério em 2024 será a publicação da MP que aumentará o volume de recursos e modernizará a política de semicondutores do país. “Esse ecossistema representa a fronteira do desenvolvimento tecnológico de qualquer país no mundo”, disse.

O secretário de Ciência e Tecnologia para Transformação Digital do MCTI, Henrique de Oliveira Miguel, também enfatizou na ocasião que em breve o Brasil terá uma nova política industrial, de financiamento e de compras públicas direcionada ao setor. Adicionalmente, contará com o reingresso da empresa Ceitec ao ecossistema de semicondutores do País que atuará em sinergia com empresas de back-end e de projetos aqui instaladas, além de universidades e instituições de pesquisa e desenvolvimento.

Para o deputado Vitor Lippi, também presente no evento, semicondutores é o elemento tecnológico mais importante do mundo e a digitalização dos processos demandará cada vez mais o uso desses dispositivos em nossas vidas. Na sua avaliação, na condição de um dos maiores e mais importantes países do mundo, o Brasil deve fazer parte desse estratégico segmento e atuar globalmente, ainda que em nichos de mercado.

“Com um novo sistema tributário, descarbonização da indústria e reorganização das cadeias globais, o Brasil poderá ser um país muito melhor e com muito mais oportunidade, conquistando um lugar no mundo que ele merece”, concluiu o deputado Vitor Lippi.

 

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